Sobre Eduardo

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Vamos a um texto longo?

Preferi esperar o Luto passar para poder falar da tragédia que se abateu sobre Eduardo Campos. Direi algumas coisas duras, mas que precisam ser ditas .

Eduardo era um político de sucesso, isso não se nega. Teve uma dimensão que fez muitos dos políticos que julgávamos grandes, como Jarbas, serem vistos como nanicos.

A sua alta aprovação está longe de significar consenso ou AMOR DE PERNAMBUCO POR ELE. Via de regra, e Eduardo era regra, o povo não ama políticos. Os mais de 80% que reconheciam em seu governo um BOM reconheciam muito mais uma série de ações, iniciadas no final da década de 90, depois de uma TRÁGICA GESTÃO DE ARRAES, que mudaram a cara do Estado. Eduardo soube capitalizar para si ações do governo anterior bem como do governo federal. Era jovem, simpático e atencioso com suas bases.

Mas sua principal característica era outra: o coronelismo travestido de modernidade. O candidato a presidente que falava em NOVA POLÍTICA havia sido um governador que não se aquietava enquanto todos, aliados ou adversários, não se dobrassem a suas vontades. Maquiava índices, como os da Educação, contratando professores de fora da Rede para darem aulas de Matemática e Português aos alunos que estavam prestas a fazer a Prova Brasil, que dá nota ao serviço educacional estatal.

Nepotista sobretudo. Trabalharam ou ainda trabalham em cargos pagos com dinheiro público os seguintes parentes (vou até fazer o obséquio de ignorar a mãe, neófita em Direito, ministra do TCU):

Arthur Leal Arraes de Alencar –ganhando mensalmente R$ 2.159,44

Carla Ramos Santos Leal — Mãe de Arthur, e tia de Eduardo, ganha R$ 7.308,00 por mês. Carla é a responsável por gerir a verba de suprimentos do Palácio.

Cyro Andrade Lima – Sogro de Eduardo. Integra o conselho de administração Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Recebe R$ 3,7 mil para participar de uma reunião mensal. 

Ana Elisabeth Andrade Lima - É irmã de Renata Campos. O Portal da Transparência do Governo de Pernambuco informa que o salário de Ana Elisabeth é R$ 10.664,78.

Rodrigo de Andrade Lima Molina e Marcela de Andrade Lima Molina – São filhos de Bebeth e sobrinhos de Renata e Eduardo Campos.

Aurélio Molina – Médico, ex-marido de Bebeth e ex-cunhado da primeira-dama e do governador. É secretário-executivo de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco, além de lecionar na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco. Salário: R$ 4.916,86.

Tadeu Barbosa de Alencar – É primo de DUDU e foi secretário da Casa Civil. 

José Everardo Arraes de Alencar – Ou Everardo Norões, como é conhecido. Poeta, dramaturgo e primo de Eduardo. Já integrou o conselho de administração Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).

Thiago Arraes Alencar Norões – Procurador de carreira, ele foi indicado por Eduardo Campos para ser o procurador-geral neste segundo mandato. Salário: R$ 29.811,78

Paulo Câmara — Secretário da Fazenda de Pernambuco e primo em segundo grau do governador. É casado com a juíza Ana Luíza, filha de Vanja Campos, prima de Eduardo. 

Marcos Coelho Loreto- primo da primeira-dama. Desde 2007, é conselheiro o TCE-PE. Foi chefe de gabinete de Eduardo Campos nos dois primeiros anos do primeiro mandato. 

João Carneiro Campos, irmão de Vanja Campos e primo do governador. Ex-desembargador eleitoral, ele foi nomeado em março de 2011 para o cargo vitalício de conselheiro do TCE-PE.

Flávio Rubem Accioly Campos Filho, primo em primeiro grau de Eduardo Campos, trabalhou durante quatro anos no TCE-PE. 

Flávio Rubem Accioly Campos Neto, atualmente com 27 anos, também ocupou cargo comissionado no governo estadual. Foram cinco anos nessa condição até que, em 2012, se desligou para disputar uma vaga na Câmara Municipal do Recife. 
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O Colunista Reinaldo Azevedo bem lembrou, em seu blog, de um verso muito conhecido para quem bom estudante era e se atinha às revoluções que marcaram Pernambuco em Séculos passados. Como uma das famílias mais poderosas era a CAVALCANTI, dizia-se que

“Quem viver em Pernambuco
não há de estar enganado:
Que, ou há de ser Cavalcanti,
ou há de ser cavalgado.”

Substituam o sobrenome por algum dentre ALENCAR, ARRAES, CAMPOS, ANDRAE, LIMA ou COELHO e não notarão muitas divergências no modus operandi.

Pois bem. Deixou o governo, mas não os empregos da parentada, e se aventurou em uma candidatura a presidência da república.

Os seus babões diziam que iria crescer e chegar ao segundo turno. Ignoravam o fato de Aécio estar consolidando-se acima dos 20% e de ter governadores bem avaliados dando-lhe palanque. Não importa. Eduardo iria destruir tudo isso. Até o dia da tragédia, não se viu nada disso. Vinha enfrentando muitas dificuldades para levar sua campanha. 3 governadores de seu próprio PSB não lhe queriam apoiar, e sim a presidente Dilma. Em mais de 10 estados, quando ia, não podia levar ser cartão de visitas, Marina Silva, por ela discordar das alianças fechadas (São Paulo é o maior exemplo disso).

Em Pernambuco, a candidatura de Paulo Câmara não havia decolado, nem tampouco a de Fernando Bezerra ao senado. O próprio Eduardo perdia para Dilma dentro de casa, segundo as pesquisas.

Agora vem a parte mais vergonhosa, indecorosa e vexaminosa:

Morto, querem dar a Eduardo a dimensão e a importância eleitoral que, vivo, nunca teve. Morto, querem que Eduardo tenha os votos que, vivo, notava-se que não teria.

O Velório e o enterro foram um SHOW, no mais banal sentido da palavra. Fogos de Artifícios. Músicos cantando. Troças de Maracatu. A viúva, Dona Renata, não hesitou e marcou uma, vejam vocês, REUNIÃO POLÍTICA para acontecer 15 horas depois de enterrado o finado.

O filho mais velho, João, falava já em MANTER VIVO O LEGADO DE MEU PAI.

A candidata a vice, Marina, ensaiava tristeza, mas não negava fotos e sorrisos a quem se aproximava. 

O irmão, Antônio, não esperou sequer o corpo para escrever uma carta relatando qual seria a vontade do irmão, de que Marina fosse sua substituta. 

A mãe, Ana Arraes, essa sim guardou todo seu decoro e seu luto para si mesma e mais ninguém.

E como se pouco fosse o circo,agora ensaiam um movimento para que Renata seja a nova vice, ao lado de Marina.

Não me digam!! Com quais prerrogativas? O Nepotismo político e administrativo, ao qual Eduardo, sem dúvidas, era chegado, chegou também ao viés Eleitoral. Até o momento em que escrevo, Renata parece manter a sensatez de não aceitar essa firula.

Renata não tem militância política pública. Renata não é dirigente partidária. Renata recusou-se a disputar o cargo de deputada por afirmar que sua prioridade é cuidar dos filhos.

A única razão pela qual insistem uns babacas nessa hipótese é triste, mas precisa ser dita: os dirigentes do PSB que defendem dona Renata como vice imaginam que, comovidos pela tragédia e pela força demonstrada pela viúva, os indecisos, ou mesmo os eleitores de outros candidatos, migrem de palanque.

Em poucas e duras palavras: querem que, morto, Eduardo e sua lembrança, através de Renata na chapa, sirva para eleger Marina, não importa que tipo de compromissos ela assuma daqui pra frente.

Isso é indecoroso. Isso é mesquinho. Isso é desequilibrado. 

6 comentários:

Anônimo disse...

Eita peste, Wagner!

Anônimo disse...

Aécio NEVES! Bruno Araujo! O PT, tem que perder força nesse Nordeste! É 45!

Unknown disse...

Wagner, como sempre duro mais sensato em suas palavras. Só uma coisa o Belo jardinense que tem coragem de dar um voto ao politico copa do mundo Bruno Araujo, merecia uma surra, nunca vez nada por Belo Jardim e provavelmente nunca irá fazer.

Anônimo disse...

E agora!??? sem EDUARDO quem vai fazer as manobras com os processos do prefeito de Belo Jardim!??? será que um dia sai da gaveta e haverá de fato a punição merecida!???

Anônimo disse...

Tudo isso e verdade, nao e porque eduardo morreu que era bom. Foi um morte triste, por ser jovem, bom pai, inteligente, mas que foi bom governador nao. E nos belojarnenses temos que votar em homens publicos de bkm caráter, como
Mendonca Filho, Dep. Federal que te ficha limpa, que busca melhorias sempre para nos belojardinenses. E nao em candixatos copa do mundo.

Anônimo disse...

Bruno Araújo só acerta com o caminho de Belo Jardim em tempo de eleição. Depois...pril! O homem some e num sabe mais onde fica essa terrinha. Ô povo besta!